quarta-feira, 24 de agosto de 2011

SOU CURIMATÁ DE CORAÇÃO


O TEXTO ABAIXO FOI PUBLICADO PELA JOVEM MARINA ALENCAR NO SEU

FACEBOOK , ELA EXPRESSA COM O SEU CORAÇÃO ,SUA ANGUSTIA COM OS 

ÚLTIMOS ACONTECIMENTOS EM CURIMATÁ E O SEU DESEJO DE MUDANÇA, O 

CLAMOR DELA É  CLAMOR DE TODO CURIMATAENSE QUE TEM ESSA CIDADE NO 

CORAÇÃO.


VALEU MARINA PARABÉNS, SUCESSO, OBRIGADO. 


MINHA CURIMATÁ




Eu estou como parte do povo Curimataense, inebriada por um sentimento de mudança, de esperança, a coisa do vai-pra-frente, algo lindo, sincero que tem se esvaziado pelas escolhas do próprio povo... Me bate uma enorme frustração... Sonhei, acreditei. Quando eu era menina, também acreditava. Entro com garra mesmo. Nem sei mais se essa garra existe hoje com a nova geração que esta chegando. Antes de tudo mudou o patriotismo. Esse patriotismo não vem de símbolos, como a bandeira... Mexe muito mais com o sentimento.
Quero utilizar o espaço que me foi dado pelo facebook para divulgar, como forma de expressão, minhas conclusões a respeito da Minha cidade. Aos que desagrado, minhas sinceras desculpas... Sei que expor conclusões a respeito de cunho político nunca foi o meu forte, mas falei em nome de muitos. Porque o momento é de CRITICAR, virar a mesa, sair da "merda"! E por amar Curimatá, eu ainda acredito, eu ainda sonho!
MINHA CURIMATÁ
Antigamente, tinha uma outra Curimatá, diferente dessa de hoje... É... Tinha eu minha infância... Haviam nossas casinhas no centro, pequenas, com quintais, galinheiros, pés de manga, caju, e, fora das casas, tinha minha curta paisagem de menina: rua, poste, fogueira no capinzal do vizinho, os gritos dos meninos que vendiam pão logo cedo pela manhã, as poças de água nas estradas esburacadas, as brincadeiras durante a noite no meio da rua. De dia, tinha o Sol do nosso ardente nordeste sertanejo, a movimentação do povo em frente ao banco, aos mercados, as conversas informais na porta da prefeitura, as risadas frouxas de um povo sofrido que não perdia o ar da graça. E eu contemplava tudo aquilo com tanto orgulho! Tudo fazia parte de meu universo de cidade pequena. Ah Curimatá... Porque não falar das noites em Curimatá: Nas ruas, tinha uma luz mortiça nas janelas das casas, o som da TV com as novelas das oito, tinham os namorados no portão, tinha os amores impossíveis, os “suicídios” com guaraná, os encontros fracassados (curiosos de plantão), tinha o som vindo dos bares na praça, nessas “avenidas” da vida... Velhos CDs de limão com mel, as primeiras noite de “Forró Brasil”, as aventuras de rever os amigos nos períodos de férias, as brincadeiras e conversas na porta do Banco até a madrugada, as saudades do matão, churrasco no interior, o luar do sertão, voz e violão, os tão esperados festejos, a vaquejada, a micatá folia! Confiávamos nos adultos porque todos eram pais, mães ou familiares das crianças da nossa rua, do bairro, ou da cidade… Tínhamos medo apenas do escuro, dos sapos, dos filmes de terror…
Tinha uma Curimatá mais micha, mais pobre, cambaia, troncha, mas bem mais Curimataense que hoje, em seu caminho da roça que a política e as disputas interromperam, e que, agora, essa mania prostituída de "poder" matou a tapa. É... - eu penso - antigamente, tinha também uma coisa chamada "povo"; não o povo arrebentado, dividido, tonto de hoje. Era uma pobreza mais pobre, mas menos, como direi... Menos infame, menos trágica. Tinha uma naturalidade, com o povo apinhado dos cavalos, iludido, mais leigo que hoje, sem defesas, mas era uma cidade em que acreditávamos. Isso era legal! Apesar da ingenuidade de acharmos que bastava a solidariedade, a comunhão e a vontade de justiça para que uma nova cidade se realizasse. Não sabíamos ainda que a democracia custasse tanto, que teríamos de passar pelo inferno de anos de monopólio político (que até hoje perdura). E tinha, sim, um "vazio" em Curimatá, mas era um vazio que nos dava idéia de que algo ia ser construído ali naquele espaço, que ia surgir uma sociedade original, mesmo num futuro nevoento, cheio de urubus.
E, aí, eu me pergunto: como fazer para restaurar aquela idéia de Curimatá, sem fugir das regras duras deste tempo de vertigem global?
Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo aquilo que perdemos. Por tudo o que meus netos um dia enfrentarão: Pelo medo no olhar das crianças, dos jovens, dos velhos e dos adultos. Direitos humanos para criminosos; deveres ilimitados para cidadãos honestos; anistia para corruptos e sonegadores…
O que aconteceu conosco? Que valores são esses? Quando foi que tudo desapareceu ou se tornou ridículo?
Quero arrancar as grades da censura para poder falar como cidadã! Quero a honestidade como motivo de orgulho. Quero a vergonha na cara e a solidariedade. Quero a retidão de caráter, a cara limpa e o olho-no-olho. Quero a esperança, a alegria, a confiança! Quero calar a boca de quem estufa o peito ao dizer que odeia a política, porque mal sabe ele que da sua ignorância que nascem as prostitutas, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, corrupto e explorador do povo.
Nas ultimas férias que se passaram eu fiquei observando Curii, sentada á beira da barragem- eu me lembro- tive a sensação dolorida de que o povo: meu pai com o seu teclado e a tradição viva, D. Martina sentada a porta com deus debates políticos, os jovens e suas farras, as tão esperadas “férias”, as revoltas políticas, o vai e vem do povo indeciso... Tudo ia passar!
Mas ainda quero ter de volta o meu mundo simples e comum. A minha Curimatá menina, ingênua, pura, com seu caminho de roça, mas com um povo decidido, unido. Uma cidade onde exista o amor, a solidariedade e a fraternidade como bases. Vamos voltar a ser “gente”! Construir uma Curimatá melhor, mais justa, mais humana, onde as pessoas respeitem as pessoas...
Utopia? Quem sabe?… Precisamos tentar… Quem sabe comecemos a caminhar transmitindo essa mensagem… Nossos filhos merecem e nossos netos certamente nos agradecerão!
"Nada deve parecer natural , nada deve parecer impossível de mudar.
CURIMATÁ foi privatizada! privatizaram nossa vida, nosso trabalho, nossa hora de amar e nosso direito de pensar.
É da prefeitura que sai o seu passo em frente,
seu pão e seu salário. E agora não contente querem
privatizar o seu conhecimento, a sabedoria do povo, que só a nós pertence."
Repassem e reflitam!

Marina Alencar :)

1 comentários:

Eu só tenho uma palavra pra dizer a Marina Alencar: Parabéns!!!! Parabéns por ter traduzido em palavras tão bonitas o sentimento de diversos curimataenses diante de tão ridícula situação, pois parei pra refletir, depois de ler com extrema atenção o seu depoimento, e percebi o quanto o povo curimataense perdeu sua identidade. Povo esse que era bastante conhecido por ser um povo inteligente e desde então, perderão completamente o bom senso, pois "errar é humano, mais permanecer com o erro é burrice"

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